Itacaré
Antigo refúgio dos coronéis do cacau, Itacaré entrou para o esquecimento na década de 60 quando uma praga implacável, a vassoura-de-bruxa, levou à decadência as fazendas da região. O destino só foi redescoberto 40 anos depois, com a inauguração da Estrada-Parque Ilhéus-Itacaré. O asfalto substituiu a precária estrada de terra, até então encarada somente pelos surfistas que, nos anos 70, desbravaram e mantiveram no anonimato o abandonado pedaço do paraíso.
Com o acesso fácil vieram também a badalação, as mordomias – pousadas confortáveis, resorts sofisticados, restaurantes de cozinha internacional, cybercafés, lojinhas… – e o movimento constante de turistas. Itacaré, porém, renasceu sob as bênçãos do ecoturismo e vem crescendo de maneira ordenada, preservando rios, cachoeiras e praias desertas emolduradas por morros cobertos de Mata Atlântica – um cenário bem diferente dos principais cartões-postais da Bahia, onde predominam dunas e falésias.
Deu no “New York Times”: Itacaré é um dos 53 lugares do mundo que valem a pena serem visitados no ano de 2008. Ficou em 41º lugar na lista dos pontos turísticos mais badalados -o único do Brasil. Um dos fatores que interferiram na escolha do jornal nova-iorquino é a construção do Warapuru, primeiro hotel seis estrelas do Brasil.
Mas o que torna este paraíso diferente dos outros quase mil quilômetros de praias que banham a Bahia? Para começar, a paisagem –cercada de água e mata atlântica– lembra mais a de uma praia do litoral norte paulista ou do sul fluminense. Acrescente ao visual areia branca rodeada de coqueiros, sol em mais de 300 dias do ano, uma refrescante brisa que sopra do mar azul e, aí sim, o tempero e a hospitalidade que só a Bahia oferece. Pronto, você já tem meio caminho andado para entender o segredo do sucesso de Itacaré.
A outra metade você terá de descobrir com suas próprias pernas. E prepare-se, porque poucas das 16 deslumbrantes praias de Itacaré podem ser alcançadas antes de uma boa caminhada. O tempo de percurso nas trilhas varia de 15 minutos a uma hora de duração, e os passeios não são recomendados sem a ajuda de um guia experiente, que conheça bem a região.
Mas não se desespere, porque cada passo vale a pena e o sacrifício exigido é proporcional ao tamanho da recompensa. Prainha, por exemplo, que já foi eleita uma das dez praias mais bonitas do Brasil, exige 40 minutos de caminhada a partir da foz do rio Ribeirinha, que abastece a cidade. Para chegar ao Siriaco, são apenas 15 minutos a pé, mas a praia mesmo só existe durante a maré baixa. Na alta, a água encobre as pedras e a areia.
À noite, Itacaré ganha ares cosmopolitas na Pituba, onde a farta variedade de opções gastronômicas atrai famílias, casais e solteiros. O agito pode atravessar a madrugada, mas a maioria das casas com som dançante -do forró pé-de-serra à música eletrônica- fecha por volta da meia-noite. Afinal, com tanto o que fazer durante o dia, nada mais recomendável que uma boa noite de sono para recuperar a energia para a caminhada do dia seguinte.