Pra não dizer que não falei de História : 2° parte
Alguns nativos contam que, contrariada com a estratégia portuguesa de construir as igrejas de costas para o mar, a imagem da Santa da capela Nossa senhora da Luz sempre desaparecia de lá e despontava na frente do forte; detalhe, por vontade própria e com as próprias “pernas”!
Também rola uma conversa de que em uma pousada do Morro, alguns hóspedes ouvem vozes, choros e arrastar de correntes durante à noite. Não falaremos aqui o nome do estabelecimento, pois o proprietário poderá achar que estamos tentando afugentar os hóspedes de lá. Se fosse na Inglaterra já estariam explorando essa história como fazem em alguns castelos!
Outros sons do “Além” podem ser ouvidos nas ruínas do Forte. Lá, disse uma nativa, os escravos eram acorrentados no subsolo e quando a maré subia, morriam afogados, “um lugar de muito sofrimento” (realmente).
Agora não é lenda, mas fato. Antes de estourar o turismo na ilha, na década de 80, o local era freqüentado por hippies e mochileiros (década de 70) e famílias baianas vindas de cidades como Salvador, Valença, Ilhéus etc – elas ficavam alojadas nas casas da praça Aureliano Lima e na rua Caminho da praia. Já os mochileiros e hippies viviam em plena harmonia na Segunda praia e, acredite, os locais trancavam portas e janelas que hoje são abertas para todo mundo.
História
Situada ao norte da sede da cidade de Cairu, a ilha de Tinharé (com cerca de 400 km2) é conhecida desde 1531, quando Martim Afonso de Souza a avistou e a denominou Tynharéa. Além de Morro de São Paulo, ali estão também os povoados da Garapua, Gamboa e Galeão. A região fica ao norte do arquipélago da Baía de Camamu, baixo sul da Bahia, área conhecida como Tabuleiro Valenciano ou ainda, Costa do Dendê.
Devido à sua privilegiada localização geográfica, foi cenário de inúmeros ataques de esquadras francesas e holandesas, verdadeira zona franca de corsários e piratas durante o período colonial. Morro de São Paulo protegia a chamada “barra falsa da Baía de Todos os Santos”, entrada estratégica para o Canal de Itaparica até o Forte de Santo Antônio (Farol da Barra, hoje um dos cartões postais da capital baiana). Além disso, o canal de Tinharé era essencial para o escoamento da produção dos principais centros para o abastecimento de Salvador.
Foi em 1630 que a ilha passou a abrigar um forte destinado a tal defesa e, ainda na primeira metade do século XVII, uma capela, a igreja Nossa Senhora da Luz.
Área de Proteção Ambiental
A APA Tinhare-Boipeba foi criada em junho de 1992 e abrange 433 km², compreendendo os distritos de Galeão e Gamboa, e as vilas de Morro de São Paulo, Garapuá, São Sebastião (também conhecida como Cova da Onça), Moreré e Canavieiras. A área de Proteção Ambiental oferece um rico ecossistema estuarino, dotado de manguezal, restinga e remanescentes de Mata Atlântica; possui relevo do tipo planície costeira, associado à Mata Atlântica, morros, recifes, canais e ilhas. A fauna é bastante diversificada, com destaque para as aves migratórias.